tchonin-onin-onin-onin-onin-onin-onin...
tchonin-onin-onin-onin-onin-onin-onin...
"Isso, meu caro, é o som da bateria do seu carro descarregada"
Disse para si mesmo. Cabeça encostada no volante, pensou que seu dia ruim poderia terminar ruim daquele jeito, com ele esquecendo os faróis do carro ligados enquanto passa duas horas pagando contas.
Mão no bolso, pensa que talvez o outro dia fosse melhor para resolver aquilo. Já era tarde, seu corpo pedia cama, só.
"Se quiserem tentar roubar essa lata velha, podem tentar!"
Pensa, puto, e vai embora para casa de ônibus. Uma chuva fininha começa a cair.
"Merda! Dá um tempo!"
Um tempo; nada como um dia após o outro, né?
Ou não.
...
No outro dia, seu bom amigo o leva lá no canto onde ele deixou a lata velha. Foram fazer a velha chupeta. (Não entendam isso mal, meu caros leitores, já que a vida desse nosso personagem já está bem difícil).
Ao chegarem lá, deparam com uma família de mendigos dormindo dentro do carro.
"Puta merda! Deixei o carro aberto!"
Lembra nosso (azarado) personagem. Quando chega lá, o casal ainda dorme, mas o filho pequeno está muito bem sentado no banco de trás. Quando vê o homem se aproximando, abre um sorriso e diz:
"Oi, moço"
"Eh... oi?"
Responde nosso (desconcertado) personagem.
"Tem pão aí?"
"Pão?"
"É, pão"
Ele olha intrigado pra o menino. Intrigado. Pensativo. Pesaroso. Penoso. Vira de costas, entra no carro do amigo e vai embora. Deixa a pobre família dormindo no carro.
...
Um senhor e uma senhora acordam; sujos, fedorentos, sonolentos, famintos. Encontram, encostado no painel do carro onde dormiam, (des)confortáveis, um saco com pão, queijo, salame, uma garrafinha de café e alguns copos descartáveis. Intrigados, olham para o banco de trás do carro e vêem seu menino, feliz, comendo pão com queijo e balançando os pés.
"Quem dexô isso aqui, minino?!"
O menino sorriu, alegre, e respondeu
"Foi o moço, pai. Acho que era anjo"
...
Nada como um dia após o outro.
12 comentários:
Bróder, que texto lindo!
.
Meus olhos brilharam... MARAVILHA!
Me arrepiei da cabeça aos pés só com esse "acho que era anjo".
ri demais...
não acredito que foi você que fez esse!
Opa, obrigado pela parte que me toca que se refere a minha capacidade.
^^
lindo o texto,
surpreendente
e bom de ler
=)
Muito bom esse texto doutor.
PS: Eles tão morando atrás da sua casa?
Vi seu carro estacionado lá xD
oooooun Gustavão!
que liiindo!
adorei
Esse vai pro livro!
Gostei do "ou não".
Foi uma homenagem, Galêga.
Opa!
Sem ofensas...
Foi um elogio!
Se você tivesse outro carro, não fosse um Gurgel, dormiria dentro dele também e ainda pediria geleia.
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